A camisa-de-forças que o soneto
É levado a vestir, sem ser demente,
Quando busca o real, o chão concreto
Que procura a caminho do poente
E que o cinge e envolve num abraço
De urso vigoroso e apertado,
Não será como a corda, o baraço
Que estrangula o pescoço do enforcado;
Nem sequer instrumento de tortura,
Mesmo quando ajustada numa pura
Expressão de poética abstracta:
A camisa-de-forças do soneto,
Exacta como o texto do libreto
Ou o molde de terra sigillata.
© Domingos da Mota
Publicado em Gazeta de Poesia Inédita
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