terça-feira, 29 de outubro de 2019

[O amor que seja lúcida loucura]

O amor que seja lúcida loucura,
O amor que seja uma e outra vez,
O amor que seja o vinho sem mistura,
O amor que seja a sede e a embriaguez,
O amor que seja a fome de ternura,
O amor que seja a pele e a nudez,
O amor que seja febre, a abrasadura
Que tome o corpo todo desde os pés
À cabeça no meio da fogueira,
Esse fogo que arde sem se ver,
O amor que seja água de primeira
Na boca do incêndio que vier,
O amor que seja o leito, a aluvião
Do rio caudaloso da paixão.

© Domingos da Mota

Publicado em Gazeta de poesia inédita

1 comentário: