Passam sem o ver, como se fosse
Um corpo invisível, transparente;
E nem quando espirra, funga ou tosse,
Uma tosse cava e persistente,
Param para ouvir o som agudo,
O sibilo grave e cavernoso,
O ronco que abala o peito e tudo
Ameaça romper. O ar perdido
De quem segue em frente sem parar,
Num passo apertado, compelido,
Ou simplesmente a perambular
Por praças e ruas, distraído,
É o ar de quem olha, mas não vê,
E não cuida de saber porquê.
© Domingos da Mota
O SANGUE DOS RIOS Poetas celebram Fernando Namora, V/A, Concepção e Organização, Pedro Miguel Salvado, António Lourenço Marques, Carlos Abreu, Edição Câmara Municipal do Fundão, 2019
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